Co-Dependência

Hoje gostaria de abordar uma situação que presenciei recentemente: Uma mulher estava tentando impedir seu parceiro, que estava dentro de um veículo, de sair. Ele reagiu empurrando-a com força, fazendo-a cair para trás, antes de bater a porta do carro e partir rapidamente, colidindo a lateral do veículo em um poste.

Ao testemunhar este incidente, decidi parar e oferecer ajuda à mulher. Inquiri se ela necessitava de assistência, se residia nas proximidades, e se tinha um local seguro para se abrigar e com quem contar. Ela confirmou, afirmando que iria para casa e falar com uma vizinha.

Uma hora depois, um vizinho acionou as autoridades após ouvir um chamado de socorro. O indivíduo estava embriagado e foi detido, embora a razão para sua prisão não esteja clara - se devido ao estado de embriaguez ou pela agressão em si. Além disso, não tenho conhecimento se a mulher apresentou queixa.

Este episódio me motivou a enviar um bilhete à mulher, mas ao final, os porteiros do prédio me persuadiram a contatá-la por meio do interfone. Ofereci-me para conversar e perguntei sobre seu bem-estar e nível de segurança. Sua resposta me surpreendeu um pouco: ela defendeu o parceiro, argumentando que não é esse tipo de pessoa, e que foi apenas um momento de fraqueza, embora reconhecesse que isso não justificasse o ocorrido, atribuindo o comportamento a um estado alterado do parceiro.

Neste contexto, desejo abordar uma questão: por que as mulheres frequentemente minimizam ou justificam as ações inadequadas de seus parceiros? Enquanto, para muitos, quando uma mulher perde o controle, ela é rotulada de louca ou desequilibrada, quando é o homem que age de forma semelhante, tende-se a atribuir o comportamento a fatores externos, como o consumo de álcool.

Observa-se que, em geral, quando as mulheres perdem o controle, é menos comum recorrer à violência física. Quando isso ocorre, é mais provável que o alvo seja propriedade do agressor, como o carro, em vez do agressor em si. Por outro lado, quando os homens perdem o controle, é mais comum que recorram a agressões físicas diretas, além de expressões verbais depreciativas contra as mulheres.

Embora seja reconhecido que existem diferenças biológicas, hormonais e de força entre homens e mulheres, é crucial que os homens exerçam autocontrole em situações conflituosas com mulheres, devido à disparidade física.

Não estou defendendo uma abordagem radical, como a prisão imediata do agressor, mas é importante reconhecer que, na maioria das vezes, a violência doméstica é recorrente. Portanto, é fundamental considerar qualquer incidente como um alerta para futuros eventos e interromper esse ciclo de violência.

Devemos manter uma postura racional e não buscar desculpas para o comportamento abusivo. Embora possa ser difícil reconhecer os sinais de alerta, especialmente quando estamos imersos na situação, é essencial agir com cautela e considerar o bem-estar a longo prazo.

É importante destacar a existência da co-dependência, na qual tanto o agressor quanto a vítima se mantêm interligados, mesmo diante de um relacionamento abusivo. Para interromper esse padrão, é necessário compreender e quebrar os laços de dependência que nos mantêm presos, buscando apoio para romper esse ciclo de violência.

Gostaria de recomendar a leitura do livro "E Assim que Acaba", de Collen Hoover, que aborda essas questões de maneira perspicaz, oferecendo insights sobre como superar esses padrões e as dificuldades envolvidas nesse processo. Embora seja uma obra de ficção, ela retrata fielmente os dilemas e desafios enfrentados por aqueles que buscam escapar de relacionamentos abusivos.

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