Para muitas mães, cuidar dos filhos é uma responsabilidade inabalável, independentemente da presença ou ausência do pai. A sociedade impõe um julgamento implacável sobre aquelas que ousam priorizar suas próprias vidas em relação aos seus filhos.
Desde a família, a mãe é pressionada a amar incondicionalmente seus filhos, como se isso fosse uma escolha. Se ela os concebeu, é tida como moralmente obrigada a se dedicar a eles, muitas vezes sacrificando seus próprios sonhos e aspirações.
Por outro lado, o pai, tradicionalmente visto como provedor, raramente é cobrado a abrir mão de aspectos de sua vida para cuidar da criança. Essa responsabilidade recai desproporcionalmente sobre os ombros da mulher.
Além de trabalhar e cuidar da casa, as mães muitas vezes negligenciam suas próprias necessidades físicas, emocionais e mentais. Não é incomum que elas deixem de cuidar de si mesmas, ganhando peso, negligenciando sua aparência e saúde. E quando isso acontece, o marido pode abandoná-la, atraído pelas opções abundantes no mundo exterior.
A mãe então se vê sozinha, sobrecarregada com a responsabilidade da casa, do trabalho e de si mesma, com pouco ou nenhum apoio. Mesmo assim, ela raramente considera deixar os filhos com o pai e seguir sua própria vida.
Por que as mães são tão cobradas? Por que a sociedade e a família impõem esse fardo tão pesado sobre elas? E por que nós, mulheres, permitimos que isso aconteça?
Em alguns casos, a mulher pode não ter desejado ter filhos, mas acabou engravidando. Mesmo assim, o homem muitas vezes desaparece, deixando-a com a responsabilidade do recém-nascido. E se ela optar por abandonar a criança, a responsabilidade recai sobre sua própria mãe.
No Brasil, o aborto é ilegal e não há um sistema de adoção confiável. Isso significa que as mulheres que não desejam ter filhos são forçadas a mantê-los ou a arriscar sua saúde e segurança recorrendo a procedimentos clandestinos.
A pressão sobre as mães é um problema sistêmico que afeta mulheres de todas as esferas da sociedade. É hora de desconstruir essa cobrança injusta e criar uma sociedade onde as mulheres possam escolher livremente seus próprios caminhos, sem medo de julgamento ou abandono.